Eleições dividem os evangélicos
Junior Brunelli e as Eleições dividem os evangélicos – Site Notibras. Brunelli, da Casa da Bênção, ensina a pescar; seu oponente vive da suntuosidade do púlpito. Os evangélicos da capital da República estão unidos em torno de Deus. Mas, quando o assunto é eleição – e quando está em jogo uma ambicionada cadeira no Senado – a divisão deixa ser ser dissimulada para se transformar em murmúrio e cochichos durante os momentos de oração.
De um lado posiciona-se o deputado distrital Brunelli, em seu segundo mandato. De outro está o marinheiro de primeira viagem (como deputado federal) bispo Rodovalho. Brunelli costuma sentar-se em um banco tosco da Casa da Bênção, um dos mais tradicionais templos evangélicos do Distrito Federal. Já Rodovalho dirige a pomposa Sara Nossa Terra, igreja elitista que congrega o capitalismo e que diz falar em nome de Jesus.
No meio dos dois encontra-se o vice-governador Paulo Octávio. Os três são do mesmo partido. O Democratas. Para quem não se recorda: o Dem é o ex-PFL, antiga Arena, só que com uma roupinha nova. Arena faz lembrar sangue. Lugar de combate entre gladiadores. E destino dos fracos e oprimidos, entregues aos leões.
É nas garras dos leões que Paulo Octávio quer ver Brunelli. Porque P.O. reza a cartilha de Rodovalho, a cuja igreja, inclusive, paga um polpudo dízimo. P.O., o político como o empresário, sempre foi assim. Aliado dos fortes em detrimento dos pobres. Seu P não é de Pedro, o Pescador. É de Paulo, aquele que criou o que virou mais tarde o Vaticano de hoje, uma suntuosidade coberta de ouro e jóias, como que tiradas das minas de Salomão.
Humildade
Brunelli sinaliza que está cansado dessa briga. Humilde, fala ao povo. Prega um futuro melhor. Empresta o caniço e o samburá. Como quem diz “pesque e faça do esforço do seu trabalho um meio digno de vida”. Ele não dá. Ensina como fazer. E viver.
Rodovalho é secretário de Trabalho. Não necessariamente do trabalho. Representante da ala fisiologista do Dem, cria cabides de emprego. E com voz macia, do alto do púlpito, vende ilusões.
Há quem assegure que o bispo da Sara Nossa Terra fica endemoninhado quando ouve o nome de Brunelli como postulante a uma das duas cadeiras em disputa ao Senado no próximo ano. E chega a esbravejar. O pecado está entre nós, costuma dizer numa referência ao seu contendor.
Para vingar sua candidatura, respaldada pelo colegiado dos bispos da Igreja Evangélica em Brasília, Brunelli pode até deixar as fileiras do Dem. Tem convite para ingressar no PMDB do ex-governador Joaquim Roriz, um velho (posto que traído) desafeto de P.O.
Se entrar nessa disputa Roriz pode até ser o fiel da balança. Quem sabe agir como Moisés. Não que vá abrir uma estrada pelo mar. Mas ele tem condições de mostrar ao seu eleitorado o caminho das urnas. E dizer aos pobres e humildes que vivem aos milhares na periferia da ilha da fantasia que é Brasília, que tem um candidato ao Senado. E que o nome é Brunelli.
Se isso acontecer, Rodovalho sai de foco. Porque, “em nome de Jesus”, a vaga estará garantida a Brunelli. Com as bênçãos dos evangélicos, claro.
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